Em greve, trabalhadores da UCI Farma estão sem salários há dois meses

Em greve, trabalhadores da UCI Farma estão sem salários há dois meses

28 de outubro de 2020 0 Por bernonews

TRT definiu que farmacêutica pague valores; sindicato, porém, disse que ela vai dispensar

Trabalhadores da farmacêutica UCI Farma, instalada na Vila Duzi, em São Bernardo, estão em greve há dois meses. E, pelo mesmo período, estão sem receber. Embora o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) tenha determinado recentemente que a empresa efetue os pagamentos, uma vez que a paralisação não foi considerada abusiva, o Sindicato dos Químicos do ABC afirma que a companhia avisou que não tem como pagar e que vai demitir.

Ontem, empregados se manifestaram em frente à fabricante, que tem como carros-chefes o pyrpam, usado para combater vermes, e o rilan, usado por quem tem rinite. E, após o ato, a empresa conversou com o sindicato.

“Um dos donos, o Elízio Veiga Giraldez, disse que não tem como pagar e que vai demitir, mesmo com o TRT dando três meses de estabilidade aos funcionários. Mas ele avisou que na sexta-feira vai entregar lista com 35 nomes para serem cortados e que vai parcelar as verbas rescisórias em dez vezes”, conta Lucimar Rodrigues, diretora do Sindicato dos Químicos do ABC. “Mas se a empresa não tem dinheiro para pagar os salários, como vai arcar com a rescisão? Questionamos, mas não tivemos resposta. Estamos todos muito tristes com a situação à qual chegou a empresa.”

A UCI Farma transferiu sua sede da Capital para São Bernardo há cerca de três décadas e, segundo o sindicato, acumula dívidas trabalhistas e débitos com fornecedores que chegam em R$ 35 milhões.

“A fábrica tem pedidos, ou seja, daria para produzirmos, mas a direção diz que não tem recursos para comprar matéria-prima”, explica Lucimar. “Na reunião com o sindicato, foi dito que a empresa pode ser vendida. Mas isso o Elízio já fala há três anos. Agora o próximo passo é, junto ao nosso jurídico, tentar bloquear as contas da UCI para forçá-la a pagar os salários. Tem muita gente passando necessidade. Gente que tem bebê e não tem dinheiro para comprar fraldas nem leite.”

Os trabalhadores planejam acampar em frente à firma, a partir de segunda-feira, para pressionar a direção, com o apoio do sindicato.

LISTA LONGA

Além dos salários, a empresa tem diversos direitos trabalhistas em haver: pagamento do 13º salário de 2019; não recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) há três anos; desconto em folha de pagamento, porém, ausência do repasse dos valores ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) há um ano e meio; pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) do ano passado; pagamento de férias há quatro anos.

O Diário tentou contato com a farmacêutica, mas foi informado de que não havia mais ninguém na fábrica devido à greve. 


Com informações de Soraia Abreu Pedrozo – DGABC