Quanto vale uma marca? Ícone da indústria do chocolate vai a leilão por R$ 27 milhões

Recentemente, uma empresa que por décadas foi sinônimo de doçura e prazer para os brasileiros enfrentou um destino amargo. Com a decretação de sua falência e o subsequente leilão de seus bens, incluindo marcas icônicas que marcaram gerações, surge a pergunta: quanto vale uma marca?

A gigante do chocolate, cujas deliciosas criações adornavam as lembranças da infância de muitos, agora vê suas marcas sendo leiloadas com um valor inicial de lance de R$ 27 milhões. No entanto, por trás desse número está um debate mais profundo sobre o valor econômico e sentimental das marcas.

O Dr. Ezio Carlos Silva Baptista, Professor de Direito Empresarial da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, explora essa questão complexa. “Quanto vale uma ideia? Esta pergunta pode ter uma infinidade de respostas, e é bem provável que todas estejam corretas. No entanto, algumas ideias, além de deterem valor sentimental para o seu criador, podem gerar valor econômico.”

Em um mercado saturado, onde a competição é acirrada, criar uma marca única torna-se uma estratégia vital para destacar um produto ou serviço. As regras de proteção de propriedade industrial, como estabelecidas na Lei 9279/96, concedem ao detentor de uma marca registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o direito exclusivo de uso, possibilitando a defesa contra o uso indevido por terceiros.

O Dr. Baptista destaca a importância da marca no mundo empresarial: “No mundo empresarial, não raramente conhecemos mais um produto ou serviço pela marca do que pelo bem em si. Quer apostar? Quantas vezes você, em um restaurante/lanchonete, já pediu um determinado refrigerante – pela marca?”

Além do uso exclusivo, o titular de uma marca registrada pode defender sua propriedade industrial contra falsificações e infrações, recorrendo à polícia, pedidos administrativos e ações judiciais de indenização.

Uma característica peculiar das marcas é sua duração indeterminada para o titular, desde que este continue a explorá-las e cumpra com as obrigações junto ao INPI. No cenário empresarial, ao vender uma empresa que detém uma marca registrada, esse ativo é valorizado e pode se equiparar, em termos de valor, aos bens físicos de um parque industrial.

O leilão das marcas da gigante do chocolate não apenas representa a busca por recursos para quitar dívidas, mas também coloca em evidência o valor econômico e emocional que uma marca pode carregar.


Por: Marcos Fidelis